quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Bom dia, feliz aniversário

Bom dia, Amor. Este é o tricentésimo sexagésimo quinto dia que eu não paro de pensar em ti um só segundo. Hoje faz exatamente um ano que eu durmo com o teu nome nos lábios e acordo suspirando este mesmo nome. Portanto, te devo uma aposta, uma oração e uma crônica.

O quê? Não, eu não fiquei louca. Sim, amor, sei que terminamos, por isso estou aqui. Para pagar a supracitada dívida. Então vamos ao que interessa. Amor, faz três meses que a nossa valsa virou um solo, sólo. A música parou de tocar aos teus ouvidos, mas continuou, cruelmente, sendo executada para mim. E tem três meses que a dama dança sozinha, amor.

E durante estes meses que eu estive sem você, já te matei mais de mil vezes e o teu amor ainda me vem. Decididamente gostaria de saber quantas vidas tu tens. Percebi que nem todas as músicas do AC/ DC do mundo vão me fazer te esquecer, nem que seja por um instante. Acontece que os meus pés já estão cansados de tanto dançar, e os meus olhos não agüentam mais chorar por ti. Por ti, e só por ti, virei uma prosopopéia de mocinha da novela das oito. E essa não sou eu, Amor, tu bem sabes.

Nem preciso contar o quanto a tua indiferença me machuca. Certa feita me disseram que o contrário do amor não é o ódio e sim a indiferença. Concordo plenamente. Sinto tua falta nas tardes de sábado, noites de domingo, manhãs de todo dia. Mas tu já não sentes falta disso... E em momentos de raiva lembro da vez que me fizeste implorar por um beijo. A intenção é sempre a mesma: gerar algum tipo de mágoa, ressentimento. Mas não consigo, não consigo, querido. E se isso não é amor, anjinho, acredite, foi o mais próximo dele que já cheguei a sentir.

Ainda me importo contigo mais do que deveria e muito, muito mais do que gostaria. Mas vou parar, Amor, vou parar de me importar, vou parar de transformar teu nome em uma espécie de mantra, vou parar de te dormir, acordar, te suspirar, te chorar, te devorar. Eu não sei, Amor, não sei sentir amor assim.

Estou aqui. Te entregando mais uma vez meu coração. Não se preocupe, não espero que cuides bem dele. Estou aqui por mim, pois preciso falar, preciso contar, preciso parar de mentir, eu não te esqueci. Preciso confessar que me pego pensando no que aconteceria se tivesse coragem para olhar novamente bem fundo nos teus olhos e te contar a verdade que todos já sabem: eu te amo. Talvez tu me desse um beijo na testa, me olharia quase que com pena, não saberia o que dizer e fosse embora. Apenas.

Amor, eu já te dei 365 dias, dezenas de textos, milhares de lágrimas, um bom tanto de noites sem dormir, e um número maior ainda de orações, de fama. Agora já chega. Foi o suficiente. Não te quero mais dentro de mim. Portanto, que se apaguem as luzes. O show acabou. Feliz aniversário, Amor...

Cuidado, Amor

Não vá dizer meu nome, amor. Não vá pensar em mim quando ela olhar bem fundo nos teus olhos ["...daquele jeito que só você me olhava..."] e um passarinho voar baixinho. Não vá oferecer a ela a mesma música que me ofereceste, sequer o mesmo poema. Será a moça o teu anjo, também? Vigia-te para não dizer a ela as mesmas promessas. Não jogue fora os esboços das cartas que me deste. Pelo contrário: olha-as e toma cuidado para não escrever as mesmas coisas.

Da próxima vez que for ao cinema, deixe que ela assista ao filme. Era eu quem não assistia. Não vá mais àquela lanchonete, ou se for, evite a mesa perto da janela. Pode ser que tu tenhas a impressão de me ver, se por acaso olhares para a rua lá fora. Tire a barba. Não se engane, só eu gostava. E quando ela te beijar, se num momento de descuido ou paixão a moça morder teu lábio inferior, cuidado! Não vá magoá-la, não sussurre meu nome, amor.

Lembra daquele nosso refrão de bolero? Não vá dizer que os olhos dela são labirintos, nem prometa que que quer passar a vida tentando desvendá-los. O que disseres a ela será apenas um dejà vu de mim. Agora responda: quem tocará os teus lábios do modo que eu tocava? Ninguém mais, amor, sinto muito...

Torça para que a moça não goste de estrelas. Do contrário, quando ela te falar sobre alguma delas ou vocês dois estiverem contemplando um céu iluminado, pode ser que tu te lembres das histórias que eu te prometi contar, mas que acabei não tendo tempo para fazê-lo.

Ela não terá o mesmo cheiro, os mesmos medos, os mesmos sonhos, o mesmo jeito de te amar. Portanto, não deixe que eu vire um fantasma dentro dos teus pensamentos. Eu ainda não te arranquei de mim. Não cometa o mesmo erro, pois.

Cuidado, amor, não vá dizer meu nome...

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Esta noite

E agora? O que eu faço com todo o amor que guardei pra você e que não aceita outro dono? O que eu faço com os meus pensamentos, que escapam pelos braços ao lembrar do teu cheiro nas tardes de domingo, e vagam pelos cantos procurando os teus olhos. Castanhos, da mesma cor que o Renato cantava. O cheiro que morava bem atrás da tua orelha, bem onde o pescoço costuma fazer aquela linha que deixa mulheres como eu completamente apaixonadas.

Mas hoje não. Hoje eu não desejo uma noite de beijos ardentes ou qualquer coisa do tipo. Hoje eu quero o teu beijo inocente, aquele que tinha gosto de lágrima no final. Hoje eu queria poder te ligar pra dizer que o meu mundo tá desabando e que se você não vier ficar logo comigo, corro sério risco de não escapar ao soterramento. Hoje eu quero o teu peito de homem e a tua mão na minha cabeça, só pra me lembrar que eu não estou sozinha e que você mataria até mesmo todas as baratas do mundo, só pra me fazer feliz.

Hoje eu voltei pra casa e queria ter te pedido pra ficar. Em silêncio, só ficar. Porque hoje eu tenho muitos amigos, pouca sorte e, quem sabe, um tanto de juízo. Acontece que quando eu mais preciso, eu só tenho você. Ou tinha. Esta noite eu senti tua falta. Porque é nestas noites regadas a chuva e a Led Zeppelin que eu consigo sentir tua ausência com clareza. Perceber que se ainda te chamo, se ainda te escrevo, é porque sei do teu incômodo ao me ler. Se maldigo teu nome, é só pra provar pra Deus e o mundo que ainda sou tua. Pra provar que rasgo todo o meu orgulho quando a Elis começa a cantar seu desespero Atrás da Porta. Porque eu sei que tu nem entende do quê ou de quem estou falando, por isso eu falo. Porque eu sei que tu és pouco pra mim, e que, mesmo assim, é isso o que eu desejo.

Não adianta negar, fugir, me esconder. As melhores palavras foram pra ti e sim, eu ainda sou tua. Mesmo sabendo que tu estás agora pensando em uma outra qualquer. Mesmo tendo a certeza que os teus olhos nunca mais vão encontrar os meus. Eu ainda sou tua. Tua por vontade própria, porque não quero ser de mais ninguém. É que do alto do meu orgulho, é diante de ti que eu caio. Diante da minha vontade de te dominar, quem me faz de escrava é tu. É que se amo sem ousar dizer que amo, isso é amor. E desse amor se morre. Hoje eu só queria o teu beijo. Aquele com gosto de lágrima.