quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Cuidado, Amor

Não vá dizer meu nome, amor. Não vá pensar em mim quando ela olhar bem fundo nos teus olhos ["...daquele jeito que só você me olhava..."] e um passarinho voar baixinho. Não vá oferecer a ela a mesma música que me ofereceste, sequer o mesmo poema. Será a moça o teu anjo, também? Vigia-te para não dizer a ela as mesmas promessas. Não jogue fora os esboços das cartas que me deste. Pelo contrário: olha-as e toma cuidado para não escrever as mesmas coisas.

Da próxima vez que for ao cinema, deixe que ela assista ao filme. Era eu quem não assistia. Não vá mais àquela lanchonete, ou se for, evite a mesa perto da janela. Pode ser que tu tenhas a impressão de me ver, se por acaso olhares para a rua lá fora. Tire a barba. Não se engane, só eu gostava. E quando ela te beijar, se num momento de descuido ou paixão a moça morder teu lábio inferior, cuidado! Não vá magoá-la, não sussurre meu nome, amor.

Lembra daquele nosso refrão de bolero? Não vá dizer que os olhos dela são labirintos, nem prometa que que quer passar a vida tentando desvendá-los. O que disseres a ela será apenas um dejà vu de mim. Agora responda: quem tocará os teus lábios do modo que eu tocava? Ninguém mais, amor, sinto muito...

Torça para que a moça não goste de estrelas. Do contrário, quando ela te falar sobre alguma delas ou vocês dois estiverem contemplando um céu iluminado, pode ser que tu te lembres das histórias que eu te prometi contar, mas que acabei não tendo tempo para fazê-lo.

Ela não terá o mesmo cheiro, os mesmos medos, os mesmos sonhos, o mesmo jeito de te amar. Portanto, não deixe que eu vire um fantasma dentro dos teus pensamentos. Eu ainda não te arranquei de mim. Não cometa o mesmo erro, pois.

Cuidado, amor, não vá dizer meu nome...

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