quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Esta noite

E agora? O que eu faço com todo o amor que guardei pra você e que não aceita outro dono? O que eu faço com os meus pensamentos, que escapam pelos braços ao lembrar do teu cheiro nas tardes de domingo, e vagam pelos cantos procurando os teus olhos. Castanhos, da mesma cor que o Renato cantava. O cheiro que morava bem atrás da tua orelha, bem onde o pescoço costuma fazer aquela linha que deixa mulheres como eu completamente apaixonadas.

Mas hoje não. Hoje eu não desejo uma noite de beijos ardentes ou qualquer coisa do tipo. Hoje eu quero o teu beijo inocente, aquele que tinha gosto de lágrima no final. Hoje eu queria poder te ligar pra dizer que o meu mundo tá desabando e que se você não vier ficar logo comigo, corro sério risco de não escapar ao soterramento. Hoje eu quero o teu peito de homem e a tua mão na minha cabeça, só pra me lembrar que eu não estou sozinha e que você mataria até mesmo todas as baratas do mundo, só pra me fazer feliz.

Hoje eu voltei pra casa e queria ter te pedido pra ficar. Em silêncio, só ficar. Porque hoje eu tenho muitos amigos, pouca sorte e, quem sabe, um tanto de juízo. Acontece que quando eu mais preciso, eu só tenho você. Ou tinha. Esta noite eu senti tua falta. Porque é nestas noites regadas a chuva e a Led Zeppelin que eu consigo sentir tua ausência com clareza. Perceber que se ainda te chamo, se ainda te escrevo, é porque sei do teu incômodo ao me ler. Se maldigo teu nome, é só pra provar pra Deus e o mundo que ainda sou tua. Pra provar que rasgo todo o meu orgulho quando a Elis começa a cantar seu desespero Atrás da Porta. Porque eu sei que tu nem entende do quê ou de quem estou falando, por isso eu falo. Porque eu sei que tu és pouco pra mim, e que, mesmo assim, é isso o que eu desejo.

Não adianta negar, fugir, me esconder. As melhores palavras foram pra ti e sim, eu ainda sou tua. Mesmo sabendo que tu estás agora pensando em uma outra qualquer. Mesmo tendo a certeza que os teus olhos nunca mais vão encontrar os meus. Eu ainda sou tua. Tua por vontade própria, porque não quero ser de mais ninguém. É que do alto do meu orgulho, é diante de ti que eu caio. Diante da minha vontade de te dominar, quem me faz de escrava é tu. É que se amo sem ousar dizer que amo, isso é amor. E desse amor se morre. Hoje eu só queria o teu beijo. Aquele com gosto de lágrima.


Nenhum comentário:

Postar um comentário