quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

De Setembro

E toda ela estava a pedir beijo, só ele não percebia. Não percebia ou estava a esperar o melhor momento para surpreendê-la?

O modo como ela sempre tinha um jeito de procurar os braços dele, deixando-se enlaçar pelos músculos fortes, apoiando a cabeça sobre o peito coberto pela camisa, sorvendo paulatinamente cada nota do perfume dele.

O menino gostava de tê-la em seus braços. O corpo delgado e delicado dela, a cintura fina, as mãos pequenas e magras. E ele gostava de confundi-la. Tinha certeza que aquela "Capitu" queria os seus braços, o seu peito. Ela toda era a própria ressaca d'um mar. Ora vinha de maré cheia ao encontro dele, ora como de maré baixa, tentava se afastar, alguras tolhida por algum sentimento de culpa. As ações dela eram um oceano, um mar de ondas ao movimento das marés.

Ela sabia que estava brincando com fogo, e o risco de sair queimada era enorme. Não, não era amor. Era paixão, pura e simples. Os lábios dela queriam os dele, mas a moça sabia que sucumbir a isso significaria, talvez, perder o seu coração e a sua identidade. Sim, porque seus atos não recairiam apenas sobre ela, mas seriam como punhaladas naqueles que ela amava. "Naquele", melhor dizendo.

Ah, mas e como ela gostava de querer o perigo... A esta altura as línguas de fogo já se confundiam com as línguas dos dois, ambos atraídos pelo sabor do "escondido", do "proibido". Os risos furtivos, os olhares sorridentes. Os corpos pedindo pelo calor do outro, ela dançando nos abraços dele, ele tirando-a para dançar.

São jovens, têm o desejo e a audácia da juventude, mas pelo menos ela tinha de colocar a cabeça em ordem. Uma paixão não poderia reduzir a cinzas tudo que o amor tinha se esforçado para construir. Setembro chegou, Setembro está indo. Leva embora, Setembro, leva para longe os delírios de uma cabeça-de-vento...

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